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A vida depois de um intercâmbio

A seis meses atrás eu entrava em um avião rumo ao desconhecido. Um novo país, uma nova cidade, uma nova cultura. A seis meses eu dava adeus a uma vida que eu estava habituada a vinte e um anos, estava de braços abertos a receber uma nova rotina, a fazer novos amigos, a mudar!

Não sei mais dizer quem foi aquela Bárbara que pegou o primeiro voo sozinha, com muita vontade de descobrir mas com muito medo do adeus. Dentro do avião, mando a ultima mensagem em solo brasileiro, dizendo a meus pais que estava tudo certo, já batia saudades.

Pego meu travesseiro e entre um filme e outro, vem aquele pensamento que me faz querer correr, fujir, me arrepender da ideia maluca de viver uma vida paralela por um ano. No entanto, num piscar de olhos me vejo a poucas horas do maior sonho da minha vida, a um passo da liberdade e agradeço a mim mesma pela coragem. Foram sentimentos mistos o voo todo.

Até que enfim Chicago! Com certeza eu fui parada na alfândega, bem vinda a minha vida onde tudo acontece do modo mais dificil, afinal, não existe adrenalina se não existir encrenca. Me seguraram por meia hora, no meio da mafia asiatica, depois me liberam, era o começo da mais louca aventura da minha vida.

Após abrir conta em banco, comprar chip de celular e tomar um café da manhã bem gordo, eu já me sentia em casa. Sai daquele frio de São Paulo para o verão de Chicago, eu estava no paraiso. Fui as compras, decorei meu dormitório, conheci minha roommate, experimentei todos os tipos de fast food na semana seguinte pois o refetório não estava aberto. Depois do inicio das aulas, já comecei a me sentir em uma especie de rotina, passei a me acostumar com as coisas, a aceitar essa nova realidade (incrível por sinal).

Com o tempo, a sensação de estar em um filme da sessão da tarde foi passando. Comecei a aceitar esse sonho como vida real. Com isso, vieram os problemas, daqui, do Brasil. Chorei sozinha, pelo skype, no chuveiro, com a psicologa. Me afundei num Ben&Jerry, curei sextas depressivas com chocolate e muito whip cream. E fui aprendendo, entendendo, aceitando que a vida não é conto de fadas, de que rotina é chata em qualquer país, que família faz falta, que liberdade é maravilhoso, que tjmaxx é o céu feminino e que comida americana detona com qualquer dieta na face da terra.

Cresci com eu nunca havia crescido, em conhecimento, em medidas, em numeros de jeans. Viajei muito mais do que eu havia sonhado para minha vida toda. Conheci a California, Nova York, Las Vegas, fui pra Disney de novo! Dormi em muuuitas camas diferentes, fiz amigos do mundo todo, percebi que house parties não são como nos filmes e que nem todos os gringos são gatos. Descobri que americanos podem ser extremamente chatos ou simpaticos ou simplesmente americanos. Aprendi a não generalizar, a conviver com todos os tipos de culturas e percebi que certo ou errado são apenas questão de opnião.

Me apaixonei e desapaixonei. Sorri e chorei. Comprei por impulso e devolvi no dia seguinte. Aprendi a tomar leite e comer yogurt. Me aproximei de Deus. Aprendi a dar valor nas pequenas coisas da vida. Engordei e tô tentando emagrecer. Estudei e viajei. Por fim, mudei!

Acredito que se pudesse descrever meu intercâmbio até então em uma palavra, ela seria mudança. De corpo, de alma, de personalidade. E hoje afirmo com toda certeza uma frase que uma velha amiga uma vez me disse "As pessoas mudam, Bárbara". Pena que tive que atravessar países para perceber que ela estava certa. E entender que mudar não precisa ser ruim, na verdade a mudança é sempre boa, pois por mais difícil e dolorosa que seja, ela sempre te ensina.

Estou ansiosa para estes ultimos seis meses dessa aventura. Vamos ver o que esse futuro me reserva, mas nesse momento, só quero pensar em presente. O futuro a Deus pertence!

Um beijo,

Bárbara Bracci

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